CORTANDO AS AMARRAS ; ;PERFORMANCE

A performance traz a dança popular do pau de fitas presente nas tradições juninas de alguns estados brasileiros que eu associo ao mito das moiras.

Cortando as amarras, teve uma composição definida por alguns princípios práticos e teóricos, mas, ao mesmo tempo, aberta para novas intervenções e improvisações com o público, possibilitando uma maior espontaneidade.

Como referência, utilizei a mitologia grega, especificamente, o mito das Moiras, fiandeiras do nosso destino, associada à referências pessoais, ritos populares e em conexão com a mostra de pinturas, pois acredito que meu trabalho se reflete nos aspectos semânticos e se agrega a informações do meio onde acontece.

A Dança Pau de Fitas faz parte da tradição milenar européia, originária do meio rural, presente em alguns países latino-americanos. Rosame Valporetto afirma que esse tipo de dança é proveniente da América do Sul, antes de seu descobrimento, sendo costume também dos Maias22. No Brasil, essa tradição é herança da colonização européia. É encontrada de norte a sul do Brasil, com as mais variadas nomenclaturas: no Rio Grande do Sul, Trama, Trança e Rede de Pescado; no Amazonas, Tipitie, Caracol, Trança, Rede, Crochê e Floreado.

Para o seu desenvolvimento, é necessário um mastro com cerca de três metros de comprimento, encimado por um conjunto de largas fitas multicoloridas. Os dançarinos, sempre em número par, seguram na extremidade de cada fita e, ao som de músicas características, giram em torno do mastro, revezando os pares de modo a compor trançados no próprio mastro, com desenhos variados e coloridos.


Em todos estes locais mencionados, essa dança não apresenta música específica. São freqüentes conjuntos musicais compostos por violão, cavaquinho, pandeiro e acordeão. As apresentações se processam no período junino e em festas de padroeiros (VOLPATTO, 2005, p.1).


Na performance Cortando as Amarras, associei a Dança Pau de Fitas com a mitologia grega. Nessa, as Moiras (Cloto, Láquesis e Átropos) determinavam os destinos humanos, especificamente a duração da vida de uma pessoa e seu quinhão de atribulações e sofrimentos.

Na sua origem grega, as moiras simbolizam o destino e tinham diversas funções: Cloto é a fiandeira, Láquesis é quem enrola o fio e sorteia o nome dos que
vão morrer, e Átropos é quem corta o fio da vida, por isso associada à morte. As moiras recebem outras denominações na mitologia romana: são conhecidas por Parcas, chamadas especificamente de Nona, Décima e Morta (regentes do nascimento, do casamento e da morte). Para alguns poetas antigos seus aspectos eram de quase bruxas (velhas de aspecto sinistro, de grandes dentes e longas unhas). Nas artes plásticas, entretanto, são sempre associadas a lindas donzelas.

O conceito sugerido em Cortando as Amarras, é o desejo de transgressão ao que é determinado segundo o destino para as pessoas como a morte. Pois como nos esclarece Bachelard (1986, 169), “[...] a Máscara nos ajuda a afrontar o futuro; é sempre mais ofensiva que defensiva, é sempre uma representação do nosso ser desconfiado [...]”. Por isso a Figura -Totem utiliza-se de máscaras tais como: a pintura, as fitas envolvidas em seu corpo, além das expressões faciais que me dão a persona o apoio necessário para cortar as amarras formadas pelo destino.
Os princípios da obra são o estático, refletindo a abertura e fechamento da personalidade humana às diversas máscaras que usamos em momentos diferentes, para cada papel que desempenhamos. ( OLIVEIRA, Lacerda de DISSeRTAÇÃO (MESTRADO 2008 )

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